quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Improvis-to



                                         Foto: Bianca D'Aquino



Abrir a boca pra encontrar pessoas de verdade morando ali, com a barba por fazer e o cabelo crescendo, os dentes se sobrepondo. E isso não é ruim. Eu é que não fui acostumado a tanta realidade. É tanto improviso, tanto imprevisto, nem dá tempo pro play na trilha sonora. É o assalto, o naufrágio, a decepção. É a mancha surpresa na língua, o temporal, o vulcão, a viagem pras Maldivas. Logo o tsunami e o amor sem tatuagens. Como se permitir amar um sujeito sem tatuagens? Como não casar no Havaí? Não nos meus textos.  É tanto sono, pouco tempo, muito desacerto. Um descontentamento, algum desarranjo. Uma feliz cerveja acompanhada de um duradouro escorregão. Seria mais fácil ser uma árvore. Primeiro verde, depois esquecida e então lenha.