Abrir a boca pra
encontrar pessoas de verdade morando ali, com a barba por fazer e o cabelo
crescendo, os dentes se sobrepondo. E isso não é ruim. Eu é que não fui
acostumado a tanta realidade. É tanto improviso, tanto imprevisto, nem dá tempo
pro play na trilha sonora. É o assalto, o naufrágio, a decepção. É a mancha
surpresa na língua, o temporal, o vulcão, a viagem pras Maldivas. Logo o
tsunami e o amor sem tatuagens. Como se permitir amar um sujeito sem tatuagens?
Como não casar no Havaí? Não nos meus textos. É tanto sono, pouco tempo, muito desacerto. Um
descontentamento, algum desarranjo. Uma feliz cerveja acompanhada de um duradouro
escorregão. Seria mais fácil ser uma árvore. Primeiro verde, depois esquecida
e então lenha.