quarta-feira, 12 de maio de 2010

"Livre como um Deus."

O enforcado



Atravesso a rua determinado, como quem considera se atirar no rio. É como se o Diabo tivesse planejado tudo. O calor sobrenatural, o rio transbordando, e o universo nem mais conspira, mergulhar parece a única saída.

O suor ensopa mais uma camisa e eu mato a segunda aula do dia. Meus amigos todos tem horários e eu sou um desrespeito, um desacato. O único na parada de uma linha de ônibus só.

Ninguém acena pra mim, pareço um suicida e seu bilhete de morte, arquitetando um último mergulho.


Continua ...

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Coração de dragão.






Essas cores me lembram um dragão.



O artista iluminado liga o notebook. Cinco reais de guaraná depois, e após visitar o supermercado como quem vai ao shopping.

Ele usou o guarda-chuva pra se proteger do sol. Sol que faz ele pensar em raspar a cabeça e  ensopa a camisa alternativa xadrez, enquanto Nando Reis reclama algum amor nos fones de ouvido.

Freddie Prinze Jr. na Sessão da Tarde faz ele lembrar da adolescência. Ele espera por telefonemas que não o levarão a lugar algum, e até a chuva que talvez caia, hoje, não o convida pra nada.



Assina, Dragonheart.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

“É como se perder de Deus, e eu não quero.”




É como depois da morte. Não se pode mais ser outra coisa além do que se é de fato. Sem poder usar um oclinhos colorido que seja, pra dissimular.

As certezas nem são muitas, mas não existe a preocupação de o telefone nunca mais tocar. Faz chuva e o mar segue tranquilo, devolvendo a cor do meu coração.

Dividir é a ordem e ninguém mais precisa ser bonito sozinho. Posso usar minhas dry fit sem culpa e calçar sempre o tênis de corrida.

Assisto a Sessão da Tarde até o final e o cheiro de pipoca chega de algum lugar da vizinhança, fazendo da tarde um “lugar” bonito.

                                                                                                 

                                                                                                         Assina, Brave Heart.

Pão de Centeio que o Diabo amassou.



Hoje, comi três pães sem manteiga por estar cansado do mesmo sabor. Cansado da monótona segurança de quem não compra nenhuma briga. Não quero mais essa paz insuportável.

Cansado da minha resistência a ideia de desabar de chorar pra convencer, como fazem os chantagistas emocionais. Hoje eu queria ter essa habilidade. 

Tô cansado do meu exibicionismo barato, dando trela pra sorte que tem os bem acompanhados. É complicado estar triste e a única camisa limpa ser aquela com um dragão, super pra cima . 



P.S.: Criaturas, esse texto nasceu na segunda-feira passada e só hoje peguei pra finalizar. Faz um clima incrível agora, cai uma chuva muito nada a ver, perto da hora do almoço, e me faz ligar a luz pra continuar escrevendo.
 Eu postei sem finalizar pra não engavetá-lo, pq eu o considero muito @pedrocriatura, muito válido, pra morrer comigo. 

- Ah, eu ouço Dia de Enero (Shakira) agora, isso me eleva.



Criaturas, sei lá, um abraço dos bons.