segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Mercúrio



Sobre o desafio que é não gostar, quando os dentes já estão cravados no outro.

Eu, que não sei fazer você ficar, só penso em seguir pro terraço e não resolver nada. Sem coragem para abrir os olhos na hora do sabão, eu consigo enxergar de perto os estragos no meu peito.


 Ainda assim eu só penso em insistir, e vou ficando desinteressante, e isso nunca vai parar.

domingo, 13 de outubro de 2013

crush.

São mais calmos os que amam muito e os que erram em tudo. Eu nunca tive essa paz.
Estou muito distante de mim e, agora cabemos os dois no mesmo prato e em dois copos,  talheres pra três.

Eu só queria companhia para as avenidas inteiras onde eu só desfilo solidão,  mesmo que isso só se deseje baixinho,  com os olhos fechados,  assoprando as velas de aniversário.
Você percebeu o meu devaneio começando? Viu quando eu me perdi naquelas luzes?


Nuca, bolinho, balcão,  blá blá. Eu não te escuto mais, deliro. Eu sou o salgadinho e você pode comer.

Eu sofri por uma música inteira e a coragem me abandonou no meio fio.

Você que me revira com um toque,  consegue entender um sim?



segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Caqui.


Analiso as minhas mãos e espanto os pombos, considero dar todo o nosso amor aos gatos de rua embora eu acredite que você poderia me amar.

Enquanto faço o café e caminho da sala pra cozinha, mesmo quando na esquina comprando caqui, você poderia me amar.

Então resolva o descaso, use do meu perfume, me leve pra passear numa quarta-feira e me mostre amor. Me ajude a lembrar das promessas que eu fiz a todos os outros, aos que vieram antes e, mais do que eu, toparam o desafio que é o amor e que são as noites nubladas pesando no caminho de quem cruza a cidade por causa das respostas, por causa do pulsar, do colorir.

 Sempre seremos bonitos na chuva, mesmo com todo o sofrimento do mundo, mesmo quando os telefonemas vacilam. Eu vi num filme, "ainda é cedo", e eu posso viver do teu charme vago, você do meu sorriso míope, e tudo até pode ser muito raso, desde que nós não tenhamos medo

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

- desfazer

Sobre desconstruir e recomeçar, sobre o teu cabelo e o meu depois. Sem esquecer das cervejas e da beleza já sublimada pelo fato de que são quatro da manhã e você ainda não me ligou. Pra falar dos cantos deste quarto, com mais cantos agravados pelo teu silêncio e o gozo agora triste do amante solitário. Ressaltar o encanto do cotidiano matinal, com o sorriso fácil que recheava o teu sanduíche. Tudo isso desmontado pela tecla que associa aquela imagem a este texto, mais o tempo que não nos vemos, menos todo o desesperar.

sábado, 22 de junho de 2013

Sobre talheres.


Temos sonhos tagarelas, gigantes encorpados, do tamanho das nossas almas, que ocupam casas e tomam as ruas, não perdoam os limites das janelas, nem se ocupam com portas, se espelham em azulejos e sobem escadas, sorriem pra feira, buscam frutas, ecoam na rádio, encontram a felicidade nas esquinas, não param nunca, por nada, nem pelos aborrecimentos soltos das calçadas. 

terça-feira, 11 de junho de 2013

Sobre o amor e vírgulas.



A vida, meu bem, não é pra arrepender. A vida é para o amor, e naquela dança, mesmo sem festa, errando a roupa, perdendo o ônibus, ouvindo conselho, correndo risco, tomando um drink, derramando a cerveja, batendo a cabeça, não escolhendo você, escolhendo você, sempre respirando bem fundo.



quinta-feira, 16 de maio de 2013

A saudade, bem baixinho.

                                                                                   Sintoniza aí no nosso amor.



Eu sei que o agora é breve e a certeza do melhor nos ilumina, só preciso aprender o que fazer com esse fim de semana durando uma década.

Longe do cais, hoje eu comprei o teu xampu, mas se eu não vou e nem você vem, arranjo um lugar pro nosso amor na despensa.

Love,

Brave Heart.

sábado, 11 de maio de 2013

Oração.


 Que tolice é o destino,
Sem girar bem.



Abra as janelas e caminhe para o mar.
A oração agora pede pra aventura curar, o amargo de saudade que surgir.


Love,
Brave Heart.

quinta-feira, 25 de abril de 2013

Controlador.



Vai ser preciso uma tempestade inteira nas costas pra te fazer resolver o que dois rabiscos em bilhete resolveriam? 

E se eu não mais contabilizasse os calos, ou previsse os galos e nem abrandasse as brigas? Não economizasse os bolos, ralasse os cornos, gastasse a vista? Fugiriam pelos balancins as expectativas? Subiriam pela fumaça depois de desfeitas em café nas xícaras?


domingo, 21 de abril de 2013

Expectativa.




Em um dia com mais lâmpadas acesas do que o de costume, só depois de ter alimentado as gatas pela terceira vez naquela tarde é que foi se dar conta da coragem chegando.

As feridas nem eram de verdade e tudo não passava de medo. Medo de se gostar, de se entregar e não ter volta. Afinal, não era pra ser com você.

Ergo a cabeça, recosto na parede, me abrigo no ruído do ar condicionado. Aquelas luzes deixavam tudo em câmera lenta, nenhuma interferência no nosso devaneio. Aquela barba era uma invasão cortês, fazendo eu me apaixonar pelas expectativas.

Eu abro mão desta competição, pois você nunca me percebeu pelo melhor ângulo, nada feito. 

domingo, 3 de março de 2013

Samson


Ilustração de Galya Zinko


Nos braços fortes, repousa a paisagem dálmata.
Aquele sorriso, de perto, desfaz promessas, adeus orelhas, nuca, nãos. A sua vontade me sufoca, um pretexto na tarde, mas eu não peço socorro.

 Já estamos avisados, reclinamos as nossas poltronas. Somos um desastre.

Eu só queria acordar, acordar pra macarronada de domingo, voltar para os meus passos medrosos.
O vento insistente me desabriga da covardia. 

Agora, delicadamente, eu me desfaço dos nós dos teus cabelos. 

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Lucky Strike




Nosso equilíbrio me surpreendia.
Cabíamos satisfeitos numa caixa de pizza de esquina.
Havia se tornado impossível dizer não, agora vivíamos encobertos pela fumaça dos teus cigarros. Passatempos, aliás, os cigarros e eu,  as curtas caminhadas pelo bairro.

Não lembro de ter dúvidas. Sei da grande certeza, que como uma nuvem de chuva, se instalava sobre a vizinhança quando eu desembarcava. Ali, eu me entregava como que aos goles, talvez influenciado pelo teu vício em café.

Tive pouco medo, algum com certeza  nascido da minha indisposição, mas nada que uma piada não tenha desfeito.

Era uma pena ter que encarar a confiança, agora despedaçada. Quatro partes.
Um golpe me afastava daquelas costelas, que suplicantes, recebiam meus toques mais honestos. Me apartava também dos teus elogios, carregados de outras verdades. Estava decretado o fim dos domingos mais curtos da minha vida inteira.

Não sei de onde vinha o nosso ajuste, sem celular ou pacto, mas talvez das estrelas, estes pontos brilhantes que nem estão mais lá.


domingo, 27 de janeiro de 2013

Cais.



Amizade que cabe no passo apertado dos amanhecidos, que se entrelaçam, e, resolutivos, apostam num futuro venturoso, seguindo, mesmo que tropeçando, sob o sol brando e festivo, numa espécie de celebração da cumplicidade.