sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Waterproof




Hei, sugar, nós fomos tempestade de verão, item surpresa. Adeus toalha de piquenique. 
Fomos  uma música emprestada.
E foi aquele vinho que aqueceu a nossa distância, descobriu a tua incerteza, entregou a minha solidão. Não fomos salvos nem pelo molho, nem pelo chef. Principiante, principiantes.
E, afinal, o que você sabia sobre correr riscos? Eu fui a sua pior aposta e agora procuro outro par pro mesmo jogo; Pegue a câmera, estamos juntos aqui.  
Minha coragem não enche uma xícara de café. Mas, estamos sempre começando, não é mesmo?


sábado, 27 de outubro de 2012

Impostor.





Dos olhos tristes, onde moram também incertezas, estou desabrigado agora. Na tua ausência, eu só enxergo nãos.

Ele mal sabia que eu só existia por causa dele e, tudo o que eu parecia ser, acabava na volta pra casa, onde eu sou de novo as paredes, o computador, uma foto no porta-retratos.

Nós pusemos a mesa em frente ao mar e agora a brisa insiste em desarrumar o nosso trato, bagunçar o nosso afeto, em confundir as nossas vontades. Mas, mesmo assim, somos muito atrevimento, pouco espanto, todo beijos. Justo por estarmos em frente ao mar, nossos encontros serão sempre de recomeço. 

domingo, 21 de outubro de 2012

Filtro.







Do meu quarto, só é possível ver as pontinhas dos prédios, a cidade que nunca percebemos. É a cidade do espaço vazio, onde as dores expiram e os suspiros cessam, espaço onde não há dúvida nem crítica, só o amor em expansão, onde o medo se desfaz em cores. Eu me sinto feliz agora, justamente por não entender nada dessa luz amarela que invade a casa.

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Ordinário.





Nem sei, aqui, deitado no chão, acho que me tornei o que você queria, o que eu sempre quis, fui longe. Era tanta a semelhança que, a qualquer hora dessas, nos tornaríamos um só. Nem demorei pra perceber que um dos teus olhos era também mais colorido. Como dois gatos manchados povoávamos o nosso mundo. Agora o coração é um resto de gelatina. Todos os sabores no fundo do pote, um mundo em suspensão.
Qual é a previsão para a felicidade? Pra quando é este amor?
Mais uma vez,  promessas. Até quando?

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Improvis-to



                                         Foto: Bianca D'Aquino



Abrir a boca pra encontrar pessoas de verdade morando ali, com a barba por fazer e o cabelo crescendo, os dentes se sobrepondo. E isso não é ruim. Eu é que não fui acostumado a tanta realidade. É tanto improviso, tanto imprevisto, nem dá tempo pro play na trilha sonora. É o assalto, o naufrágio, a decepção. É a mancha surpresa na língua, o temporal, o vulcão, a viagem pras Maldivas. Logo o tsunami e o amor sem tatuagens. Como se permitir amar um sujeito sem tatuagens? Como não casar no Havaí? Não nos meus textos.  É tanto sono, pouco tempo, muito desacerto. Um descontentamento, algum desarranjo. Uma feliz cerveja acompanhada de um duradouro escorregão. Seria mais fácil ser uma árvore. Primeiro verde, depois esquecida e então lenha.

terça-feira, 10 de julho de 2012

Kiddo - part 1




Em pleno domingo, no meio da rede.
Bem longe da crise, a gente “lia” um vinil. “Whats the world needs now”, desfilava soluções ao fundo.

Só que ninguém se importava com nada. O que precisávamos cabia ali, no piercing da língua.